terça-feira, 3 de julho de 2007

Caos aéreo e isonomia

Outra reflexão que fiz, em torno do caos aéreo, relaciona-se com a isonomia.
Ao chegar de Buenos Aires a São Paulo, retirei minha bagagem, passei pela alfândega e procurei o guichê da TAM para despachar minha bagagem para Fortaleza.
A moça do atendimento disse-me que corresse muito, pois o embarque já estava acontecendo, e seria encerrado dentro de poucos minutos.
Ao chegar na fila para o "raio-x", que estava bem grande, procurei o agente da infraero encarregado para perguntar se passageiros cujo vôo estivesse saindo tinham algum tipo de fila prioritária, ou se a aeronave aguardaria. Foi quando ouvi gritos, vaias, uivos, de pessoas que diziam estar eu furando a fila. Ainda procurei justificar-me, dizendo que queria apenas uma informação, que meu vôo saia dentro de instantes, e que chegara tarde ao aeroporto não por culpa minha, mas em face de atraso na conexão, mas foi pior. Uma mulher fez inúmeros gestos obscenos com a mão, isso para não referir o que gritou.
Não cheguei a seguir o conselho de Marta Suplicy, mas preferi perder o vôo a me estressar, e fui até o final da fila.
Felizmente (?) meu vôo atrasou, e consegui embarcar a tempo. Não sei se o avião esperou os passageiros que estavam na fila, ou se a moça da companhia havia mentido. Aliás, o painel dizia estar o vôo atrasado, mas o avião estava lá, e esperava pelos passageiros em portão diverso do indicado. Tudo uma confusão.
Nessa ocasião aconteceram muitas outras coisas que merecem comentário aqui, mas em outra postagem. Por enquanto, centro-me na isonomia. Diferentemente de deputados eventualmente flagrados pelas câmeras da globo, não furo filas, e tenho muita raiva de quem o faz. Devemos nos comportar pensando sempre em quais seriam as conseqüências se todos adotassem o mesmo comportamento, e a fila seguramente é melhor, mais justa, mais organizada e mais isonômica que a bagunça. Mas acho que no caso, não seria de "furar a fila" que se estaria cogitando, não sendo razoável tratar igualmente um passageiro cujo vôo sai em uma hora, e outro que já está prestes a decolar. Seria como exigir que esperassem na mesma fila do hospital o paciente que está com dor de garganta e o que tem uma grave hemorragia. Isso parece óbvio a qualquer estudante de primeiro ano do curso de Direito, mas os passageiros daquela fila - talvez justificadamente, pelo que já haviam sofrido - não estavam racionais. O melhor era não discutir mesmo.

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