Tenho minhas teorias sobre diversos assuntos. E meus amigos também têm as deles. Não raro trocamos idéias, e aprimoramos mutuamente nossas teses. A seguinte é a das "sextas-feiras", que já mencionei aqui, e que, aliás, não é minha.
Um dia de sexta-feira, há bastante tempo, estávamos (eu e alguns colegas) na OAB/CE, em uma reunião da Comissão de Estudos Tributários. Discutíamos temas como a progressividade do IPTU, a taxa de iluminação pública etc. Alguns estavam de terno e gravata, e outros mais à vontade. Eis que aparece um fotógrafo, para tirar umas fotos para o jornal da OAB. Imediatamente os que estavam sem gravata reclamaram, em tom de brincadeira, que não estavam vestidos a caráter. Foi quando um amigo meu, que tem muitas teorias (uma sobre a vida sexual dos homens públicos, como Bill Clinton, e o seu reflexo no âmbito de suas decisões é impagável), disse:
- Não tem problema, os que estão sem gravata vão se sair até melhor. Deixem de besteira, que hoje é sexta-feira...
- Como assim?
- Ora, sexta-feira a Justiça Federal só funciona de manhã. O TRF nem sessão tem. O advogado que está com a vida ganha dá só uma passadinha no escritório pela manhã, para ver como as coisas estão, e à tarde alonga o almoço em um happy hour... Só volta para desligar as coisas e trancar a porta, quando a secretária e os demais funcionários estão indo embora. Só quem anda todo engravatado na sexta é advogado iniciante, que não tem o que fazer e quer dizer que é advogado...
Todos caímos na gargalhada. Ele, que aliás estava de terno e gravata, prosseguiu:
- Se o sujeito consegue a "liminarzinha" na sexta de manhã, quando a Justiça ainda funciona, à tarde já vai comemorar. O que à tarde está de terno é porque não conseguiu nada, e quer dar a notícia para o cliente melhor vestido...
Em seguida ele emendou uns três ou quatro exemplos para ilustrar que, sexta à tarde, quase ninguém trabalha mais, o que, pelo menos no caso do profissional liberal (servidor público é uma outra história) é tanto mais verdadeiro quanto maior a importância do profissional, pelo que ficar à vontade na sexta (casual friday) é sinal de status, e não inverso. Se não conseguiu ainda o que queria, vai ter mesmo que ficar para segunda.
Desde então, sempre quando vejo algo análogo acontecendo, repito comigo: - Teoria do Pedro Jorge... Ou, como ele tem várias, inclusive a do Bill Clinton, especifico: "teoria da sexta-feira".
O mais engraçado, porém, ocorreu pouco depois. A confirmação.
Uma sexta pela manhã, telefona para o nosso escritório o Prof. Alberto Xavier. Queria falar com o meu pai, que, por sua vez, estava na UFC, dando aula no mestrado. Como era o próprio que falava ao telefone, nossa secretária transferiu a ligação para mim, a quem ele pôde adiantar um pouco o assunto; ouvi tudo, anotei alguma coisa, e disse que em seguida meu pai retornaria.
Como meu pai chegou do mestrado já tarde, almoçamos, e só depois, às 14:30, retornamos a ligação. Foi quando a secretária do Prof. Alberto disse que ele havia saído, e nos deu o celular. Liguei. Quando ele atendeu, ouvi uma voz distante, descontraída, e barulho de muito vento. Ao identificar minha voz, o ilustre e querido professor apenas disse: - Hugo, estou chegando em Búzios!!! Segunda-feira falo com seu pai!
É... Teoria do Pedro Jorge... que o Prof. Xavier aplica muitíssimo bem. Afinal, Búzios é tudo de bom.
5 comentários:
prof. Hugo, é a pura verdade a teoria acima. Perigoso é advogado iniciante pô-la em prática (ou pelo menos tentar) só para aparentar (falsa impressão) que já está "numa boa".
Um verdadeiro Sábio o Sr. Pedro Jorge!
Confesso que fiquei um pouco triste ao constatar que foram poucas as sextas feiras em que pude pude estar mais despojado rs!
De qualquer forma, proponho aos demais leitores do blog uma campanha pela publicação da teoria da vida íntima dos homens públicos!
Abraço!
Feitosa,
Não precisa de campanha. Farei isso em breve.
abraço
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