Ganhei de Natal o livro "1808", de Laurentino Gomes. No livro, o autor narra a migração da Família Real para o Brasil, em 1808, em face da ameaça napoleônica na Europa.
Concluí a leitura ontem, tendo aproveitado a espera no aeroporto em pequena viagem de férias que estou a fazer.
Vale a pena.
Para quem assistiu Carlota Joaquina, de Carla Camurati, o livro traz a confirmação de uma série de fatos mostrados no filme, às vezes com a tentativa de lhes dar outra interpretação, e outras vezes não. Há detalhes ainda mais jocosos e pitorescos em torno da figura de D. João VI, além daqueles retratados no filme.
O livro não tem pretensões acadêmicas. O autor não se propõe a veicular novidades. Mas, de uma forma simples e acessível, narra em detalhes esse acontecimento - e os demais que o antecederam e sucederam - e suas repercussões em nossa história.
Baseado na obra de grandes historiadores, mas também em detalhes garimpados na internet e depois confimados em outras fontes, é rico na narração de aspectos pitorescos. Como o próprio autor descreve, não é um "livro científico", mas um "livro reportagem". Ele, aliás, não tem formação em História, mas em jornalismo.
Há alguns aspectos negativos, que todavia não tiram o valor do livro, como erros gramaticais ("as despesas da mal-administrada e corrupta Ucharia Real mais do que triplicou" (p. 190), e uso de palavras que não existem no vernáculo e são produto de traduções apressadas e mal-feitas do Inglês ("legendário", p. 101, e "hilário", p. 20).
Ao final, faz excelente balanço das consequências da ida da Família Real para o País, tais como a unificação deste, não obstante sua grandeza territorial (o que não houve na américa espanhola, que se fragmentou), o incremento da instrução no País (com a criação de Faculdades),
e algumas tradições e costumes - não muito positivos - no âmbito da Administração Pública, a exemplo da cobrança de comissões nos contratos públicos por parte dos servidores que neles intervêm, o enriquecimento inaudito de alguns "coletores de impostos" etc.
Na página 286, narra interessante aspecto, que motivou a revolução que estourou em Pernambuco em 1817. "Paga-se em Pernambuco um imposto para a iluminação das ruas do Rio de Janeiro, quando as do Recife ficam em completa escuridão", escreveu Henry Koster, por ele citado. Observando o que ocorre com a CIP prevista no art. 149-A da CF/88, em projeções Municipais (pessoas a pagar absurdos a título de contribuição, morando em ruas absolutamente escuras), o fisco brasileiro parece não ter mudado muito nesses quase duzentos anos.
Na página 24, ele dá excelentes dicas sobre como fazer pesquisas na internet. Informa inclusive a existência de aulas da Universidade de Berkeley, na Califórnia, no podcast do site Itunes, da Apple.
E, na página 22, seguindo a linha de Le Goff, dá excelente explicação a respeito do caráter científico (e, portanto, provisório) da História.
Em resumo, o livro é uma excelente distração.
Concluí a leitura ontem, tendo aproveitado a espera no aeroporto em pequena viagem de férias que estou a fazer.
Vale a pena.
Para quem assistiu Carlota Joaquina, de Carla Camurati, o livro traz a confirmação de uma série de fatos mostrados no filme, às vezes com a tentativa de lhes dar outra interpretação, e outras vezes não. Há detalhes ainda mais jocosos e pitorescos em torno da figura de D. João VI, além daqueles retratados no filme.
O livro não tem pretensões acadêmicas. O autor não se propõe a veicular novidades. Mas, de uma forma simples e acessível, narra em detalhes esse acontecimento - e os demais que o antecederam e sucederam - e suas repercussões em nossa história.
Baseado na obra de grandes historiadores, mas também em detalhes garimpados na internet e depois confimados em outras fontes, é rico na narração de aspectos pitorescos. Como o próprio autor descreve, não é um "livro científico", mas um "livro reportagem". Ele, aliás, não tem formação em História, mas em jornalismo.
Há alguns aspectos negativos, que todavia não tiram o valor do livro, como erros gramaticais ("as despesas da mal-administrada e corrupta Ucharia Real mais do que triplicou" (p. 190), e uso de palavras que não existem no vernáculo e são produto de traduções apressadas e mal-feitas do Inglês ("legendário", p. 101, e "hilário", p. 20).
Ao final, faz excelente balanço das consequências da ida da Família Real para o País, tais como a unificação deste, não obstante sua grandeza territorial (o que não houve na américa espanhola, que se fragmentou), o incremento da instrução no País (com a criação de Faculdades),
e algumas tradições e costumes - não muito positivos - no âmbito da Administração Pública, a exemplo da cobrança de comissões nos contratos públicos por parte dos servidores que neles intervêm, o enriquecimento inaudito de alguns "coletores de impostos" etc.
Na página 286, narra interessante aspecto, que motivou a revolução que estourou em Pernambuco em 1817. "Paga-se em Pernambuco um imposto para a iluminação das ruas do Rio de Janeiro, quando as do Recife ficam em completa escuridão", escreveu Henry Koster, por ele citado. Observando o que ocorre com a CIP prevista no art. 149-A da CF/88, em projeções Municipais (pessoas a pagar absurdos a título de contribuição, morando em ruas absolutamente escuras), o fisco brasileiro parece não ter mudado muito nesses quase duzentos anos.
Na página 24, ele dá excelentes dicas sobre como fazer pesquisas na internet. Informa inclusive a existência de aulas da Universidade de Berkeley, na Califórnia, no podcast do site Itunes, da Apple.
E, na página 22, seguindo a linha de Le Goff, dá excelente explicação a respeito do caráter científico (e, portanto, provisório) da História.
Em resumo, o livro é uma excelente distração.
2 comentários:
Desde ja o meu grande obrigado por este resumo do livro,Deu me uma grande ajuda num trabalho de pesquisa que ando a fazer...Continue assim..
Abraços
Está bom, está bom. Ajudou, apesar de estar muito grande. Bjs
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